terça-feira, 31 de março de 2009

Séculos de guerra... começam!

O terceiro filme do franchise de Underworld conta o início da longa guerra entre vampiros e lobisomens

Em Underworld e Underworld: Evolução assistimos ao culminar da guerra eterna entre duas das mais famosas raças de seres sobrenaturais do mundo da ficção. Underworld: A Revolta conta-nos como tudo começou, séculos antes de Selene (Kate Beckinsale – The Aviator, Van Helsing) resolver o conflito.

A grande surpresa desta prequela é a sua autenticidade: a história liga extremamente bem com o que foi contado nos filmes anteriores, relatando como as duas linhas descendentes do primeiro imortal, Alexander Corvinus, os aristocráticos vampiros e os selvagens lobisomens, lutam pela supremacia e pela sobrevivência. Nesta era, uma fêmea de lobisomem cativa dos vampiros dá à luz um filho aparentemente humano, Lucius (Michael Sheen – Frost/Nixon, The Queen). Viktor (Bill Nighty – Love Actually, Pirates of the Caribbean), o governante actual dos vampiros escraviza a nova raça nascida da prole de Lucius, os Lycans. Usando a sua forma humana para trabalho escravo e controlando a sua possibilidade de transformação com coleiras de prata, Viktor domina com uma mão de ferro.

Quando Sonja (Rhona Mitra – Shooter, The Number 23), a filha de Viktor, se apaixona por Lucius, forçado a ser ferreiro no castelo, as coisas dão para o torto. Quando Lucius arranja maneira de se libertar juntamente com outros prisioneiros, a guerra estala, com Sonja refém de Viktor.

Len Wiseman, realizador e escritor dos filmes anteriores – assim como de Die Hard 4.0 – volta a escrever o guião, mas deixa agora a realização propriamente dita a cargo de Patrick Tatopoulos, o desenhador das criaturas da trilogia. A continuidade com os anteriores está assegurada, pois o filme mantém o estilo das produções anteriores, recorrendo aos habituais efeitos especiais que só o grafismo de computador pode criar.

A ideia original sempre foi fazer uma história do género de Romeu e Julieta, o facto de finalmente esta se completar, fornecendo ao espectador todas as razões para a rivalidade dos primeiros filmes, é para os criadores uma grande alegria. Tatopoulos explica que este filme se foca muito mais nos lobisomens, oferecendo toda uma nova perspectiva.

A não perder para fãs do género.

Cupido Canino

Marley é um cão, Marley é fofo, Marley é querido, Marley consome almofadas, Marley destrói casas, Marley é a estrela da mais recente comédia romântica com Owen Wilson e Jennifer Aniston.

Do realizador de O Diabo Veste Prada surge Marley e Eu, um filme protagonizado por um cãozinho Labrador muito querido chamado Marley. Owen Wilson e Jennifer Anniston interpretam um casal recém-casado, John e Jenny Grogan, que decidem mudar-se para a Florida, onde começam uma vida nova como jornalistas. No entanto, o verdadeiro atractivo para quem vai ver este filme é Marley, que envelhece 13 anos durante o filme e é interpretado por 22 cães diferentes.

John e Jenny decidem simular a constituição de uma família adoptando Marley, mas este rapidamente transforma as suas vidas uma montanha-russa de sarilhos e diabruras, ao estilo que o espectador já viu em qualquer outro filme do género anteriormente. A grande diferença de Marley e Eu reside na evolução da família ao longo do tempo. Marley acompanha a família Grogan desde o principio, quando o adoptam, olhando com os seus olhos como os personagens de Owen e Jennifer evoluem, lidando com os seus dramas pessoais, com os altos e baixos da vida de casal, mudando de casa e empregos e acima de tudo, construindo uma família. John e Jenny eventualmente percebem que “o pior cão do mundo” liberta o melhor que há neles.

John Grogan também é o nome do escritor do livro em que se baseia o filme, ele descreve-o dizendo: “Nunca pensei nele como um livro sobre um cão. Sempre o vi como uma história sobre o crescimento de uma família, sendo o cão um catalisador. É uma comédia com um lado mordaz”. Grogan revela: “Pessoas de todo o mundo escreveram-me falando de como o livro era como as suas vidas. Foi acidental, mas a verdade é que muita gente se apaixona e constrói família durante a sua vida, daí identificarem-se.”

O realizador falar de como Marley é importante: “Os cães são maravilhosos porque não pensam no passado ou no futuro; só conhecem a alegria de viver no presente. E infelizmente, os humanos esquecem-se muito disso.”

Não é preciso dizer muito mais, o filme classifica-se de enternecedor, e é sem dúvida a melhor proposta da semana para ver em família. Não surpreenderá ninguém, mas também não é um daqueles filmes sem o mínimo de cérebro.

Jogos a Granel

A nova geração de consolas está ligada ao online. Além dos jogos tradicionais, cada máquina permite fazer download de demonstrações, imagens, vídeos e até jogos completos.

A onda retro que invade o mundo dos videojogos tem origem neste serviço de downloads. As produtoras não só lançam os jogos novos a 60 euros, como se dedicam a recuperar velhos clássicos por cinco ou dez euros no serviço online das consolas.

PlayStation 3, Xbox 360 e Wii dispõem de um serviço grátis que permite frequentar a loja virtual, sendo necessário usar dinheiro real para os descarregar. Além de possibilitar às novas gerações desfrutar das pérolas de outros tempos, estes serviços permitem a criação de jogos mais pequenos, para um público mais segmentado, mas também são - no caso mais particular da Xbox 360 - uma rampa de lançamento para as novas produtoras.

A gigante Capcom, enquanto trabalhava arduamente no novo Resident Evil, optou por lançar Mega Man 9, a sequela dos seus jogos clássicos, com gráficos e jogabilidade exactamente iguais ao que era usado nesses “joguinhos” de 20 anos que estrearam a série de 8 bits, na NES. Numa das jogadas mais arriscadas da empresa, a Capcom criou um dos maiores sucessos de downloads do ano passado; desde más animações, a defeitos no som, tudo simula o ambiente dos jogos dos anos 80. Mas nem só de retro se fazem os jogos para download: as produtoras independentes florescem no mundo virtual.

Braid na Xbox 360, Flower na PS3 e World of Goo na Wii são bandeiras de um serviço cada vez mais próspero. Os utilizadores falam da glória de outros tempos, e de jogos que não se subordinam aos interesses económicos, lutando pela sua individualidade e dando ao jogador muito mais do que mais uma sequela. Os dois primeiros títulos, apelidados de arte videojogável, não impressionam pelos seus visuais, mas pela qualidade artística.

Além destes títulos low-budget, nos serviços das consolas existe DLC (downloadable content), que representam uma grande fatia no negocio. DLC é tudo o que se acrescenta a uma jogo completo, ou seja, novas armas, carros, personagens ou níveis. No caso particular de Grand Theft Auto IV, um dos jogos do ano passado, a Xbox 360 tem em exclusivo uma história completamente nova, The Lost and the Damned, com um novo protagonista; algo nunca visto em consolas, até agora. No PC, este tipo de serviços já existia, nomeadamente o Steam - site da Valve que possibilita a compra de jogos sem suporte físico -, mas os relatórios da Microsoft, mostram que entre os seus 17 milhões de membros já se fizeram mais de 50 milhões de downloads no serviço Xbox Live Marketplace desde a sua abertura; um sucesso estrondoso.

sexta-feira, 27 de março de 2009

Fúria de Leão

Como já devem ter percebido, ao contrário da maioria da população portuguesa, não passei a noite de sábado a ver a Final da Taça da Liga, entre o Sporting e o Benfica.

Aparentemente, enquanto eu completava a derradeira jornada de Solid Snake, um certo árbitro de futebol chamado Lucílio Baptista marcava uma injustamente uma grande penalidade contra o Sporting, clube da liga com que mais simpatizo, apesar de no geral não ser grande amante de futebol.

Não preciso de vos falar das repercussões e contornos deste acto tão badalado, mas quero partilhar com vocês a história de João José Marques Eleutério, fervoroso sportinguista, e mensageiro de Deus.

Segundo a Lusa, o padre de Lisboa anunciou que não baptizaria crianças com o nome “Lucílio”, quem sabe por medo que também eles sejam enviados do demónio, existindo apenas para enganar e fazer malandrices ao Sporting.

“Aproveito para vos anunciar que, enquanto for responsável por esta paróquia, não faço intenções de baptizar nenhum menino chamado Lucílio. Queiram dispor para tais propósitos dos serviços de uma paróquia vizinha”, anunciou domingo, o padre Eleutério antes do tradicional “Ide em paz e que o Senhor vos acompanhe”.

Apressando-se a retirar o que disse, o padre afirmou à Lusa: “É verdade que sou sportinguista desde sempre e que falei, durante a missa, do resultado vergonhoso entre o Benfica e o Sporting; foi uma brincadeira e os paroquianos já sabem que eu gosto do Sporting e gosto de fazer piadas”. O sacerdote garantiu ainda que nenhuma criança ficará por baptizar: “se não for eu, será outro sacerdote”.

Deixo aqui o meu apreço por este pároco! Precisamos de mais pessoas assim, a revoltarem-se publicamente contra as injustiças do mundo! Aliás, basta ver o vermelho nas camisolas do Benfica para saber que esse é o clube de Satanás!

Palavra do Senhor!

quinta-feira, 26 de março de 2009

In Memory of a True Patriot

Sábado à noite tive o prazer de finalmente completar aquele que considero um dos, senão o, melhor jogo que alguma vez joguei: Metal Gear Solid 4: Guns of the Patriots.

O jogo que me fez comprar a PlayStation 3 revelou-se muito superior ao que até eu, fã incondicional da série criada por Hideo Kojima, esperava.

Desta vez, Solid Snake, o verdadeiro protagonista da série, volta depois da ausência em Metal Gear Solid 3: Snake Eater e Metal Gear Solid: Portable Ops. Envelhecido precocemente e fragilizado pela sua condição de clone, Snake é agora um velho soldado afastado da linha de combate, e referido apenas como Old Snake.

Embarcando numa última missão para matar Liquid Ocelot (Liquid Snake no corpo de Revolver Ocelot), Snake terá de suportar o peso dos seus pecados, dos pecados das gerações anteriores, e do seu corpo prestes a falhar.

A epopeia criada por Kojima é toda ela inacreditável, com uma história que ata todas as pontas soltas que os outros jogos deixaram, e que recupera todas as personagens vivas para aquele que será o derradeiro momento da vida de todos. É uma viagem difícil, não por o jogo ser excessivamente complicado, mas porque sabemos que é a última missão de Snake, porque o próprio menu nos oferece uma visão de suicídio, porque a cada momento, a cada novo desenvolvimento, Snake é puxado cada vez mais até ao seu limite físico e psicológico. Apesar de ser muito bom ver Liquid, Ocelot, Raiden, Otacon, Meryl, Naomi, Campbell, Rose, Mei-Ling e Vamp juntos de novo, é impossível não verter (muitas) lágrimas quando tudo acabar e os créditos começarem a rolar...

Não me quero alargar, para não falar demais, mas desde o gameplay, aos gráficos, passando pela história, música e ambiente, tudo se conjuga para criar uma obra de arte videojogável digna desse nome. O mestre Kojima volta a ser responsável por uma obra-prima que só podia ser saída da sua mente genial, um jogo que mostra como é que os jogos podem fazer TUDO o que um filme faz, e evoluir essa premissa muito mais longe, através da inter-actividade.

Um destaque para alguns dos momentos mais marcantes do jogo, tentando não revelar nada que os trailers não tenham mostrado, desde a magnífica e emocional chegada a Shadow Moses, a luta entre Metal Gear REX e Metal Gear RAY, o corredor final, e até à épica batalha final com o pôr do sol atrás e um grande ataque de nostalgia causado pelas músicas que passam em background, tudo se conjuga para uma experiência a todos os que jogaram os primeiros títulos.

Para os que nunca jogaram Metal Gear, não comecem no 4, comecem no 1 e descubram a melhor saga de sempre do mundo dos videojogos!

quarta-feira, 25 de março de 2009

Reflorestação à Portuguesa

Mais uma coisa que me revoltou este fim-de-semana: quando ia a passar numa vila perto de Alcobaça, o Valado-dos-Frades, uma terra muito ligada à agricultura, reparei que faltavam imensas árvores à beira da estrada, parte de um pinhal que faz parte das matas nacionais. O pinhal não está desfeito, pois é enorme, mas revoltou-me sinceramente que numa altura em que tanto se fala da necessidade que há em preservar as florestas, a câmara da Nazaré fique só pelas palavras e mande abater centenas de árvores para ALEGADAMENTE instalar um complexo industrial.

terça-feira, 24 de março de 2009

A 23 minutos de Lisboa?

Quero aqui manifestar a minha solidariedade com todas as pessoas que têm que aguentar as enormes filas de trânsito de Lisboa, e o meu profundo desprezo e vontade de cortar às fatias todos os que passam à frente dessas filas.

Mas não cortemos "etapes": Este fim de semana fui para a minha adorada terrinha; sexta-feira, depois de sair da Focus, arranjei as tralhas e fiz-me ao caminho. Infelizmente, fui um pouco mais tarde do que o normal, e apanhei uma fila enorme.

Uma hora foi o tempo que estive para fazer aquele quilómetro magnífico de entrada da A9 para a A8. Deu para pensar na minha vida e na da população mundial toda, além de barafustar com as pessoas que tentavam a todo o custo furar a fila, numa tentativa de romper com as regras e mostrar a sua inteligência superior a.k.a. barbaridade.

A mensagem deste post não é nada demais, apenas me apeteceu reclamar pelo tempo que perdi. Tempo, que é o que tenho de mais precioso.

Deixo-vos uma bela música sobre uma localidade muito perto da minha que também padece deste problema. É um poema muito bonito dos 2635 Rio de Mouro, uma banda que foi lançada pelos Gato Fedorento no Zé Carlos 4.

Rinchoa, Rinchoa

Uma localidade em Rio de Mouro

Rinchoa, Rinchoa

Merecia ter um miradouro

Para tu contemplares os móteis e os bares

A rotunda de Fitares, Rinchoa

Rinchoa, Rinchoa, Rinchoa

A 23 minutos de Lisboa

Se o IC19 fluir bem

E se não houver bicha no Cacém

Rinchoa, Rinchoa, Rinchoa

A 1h30 de Lisboa

Se o IC19 fluir mal

Ou tenha caido uma ponte pedonal

Rinchoa, Rinchoa

Conjunto de construções feitas à toa

Rinchoa, Rinchoa

Chega a ser mais bela que a Brandoa

É daquelas regiões

à base de barracões

onde abundam camiões

Rinchoa

sexta-feira, 20 de março de 2009

Darth Benedictus, o casto

O Papa Bento XVI, na sua infinita perspicácia e sabedoria, proferiu certas declarações polémicas na viagem que fez a África.

Aparentemente, o Papa teve uma ideia inovadora para travar a propagação da SIDA naquele continente: “A abstinência sexual”! Com efeito, nunca ninguém se tinha lembrado de tal medida, e tenho a certeza que os fieis e não-fieis daquele continente vão rapidamente abdicar dessa reles “forma de diversão” e adoptar o celibato...

Ratzinger disse ainda que o preservativo não impede a propagação da doença, como até contribui para que esta se espalhe mais. Sem dúvida, o ex-membro da Juventude Hitleriana tem conhecimentos que a humanidade desconhece!

Uma atenção para as parecenças entre o actual Papa e o Imperador Darth Sidious do universo Star Wars.

Feijões aos Milhões

Aparentemente, os apanhadores de grão de soja no Brasil gostam de conduzir as ceifeiras desenhando formas curiosas, neste caso a letra V, ou o cinco e numeração romana. A mensagem subliminar deste acto é bastante complexa. Será que os trabalhadores de Tangará da Serra querem vingança? Ou será que querem receber mais de cinco reais por hora? Apesar da mensagem ser transcendental, é sempre interessante contemplar os riscos deixados pelas máquinas na vegetação. De deixar com inveja os OVNIs que desenham nos campos de trigo por esse planeta fora.

*publicado na Focus 491

quinta-feira, 19 de março de 2009

Obrigado Pai!

Não pude deixar de partilhar esta mensagem com os que me lêem:

Fonte: http://yinyang-haibane.blogspot.com/

Sócrates engorda à base de Ts



Há uns dias atrás, o Correio da Manhã noticiava o aumento de oito quilogramas no peso do Primeiro-ministro deste nosso Portugal, José Sócrates. O CM citava fontes próximas de Sócrates para justificar esta informação e indicava como causa o facto do PM ter deixado de fumar.


No entanto, aqui ofereço outra versão, para a explicar, recomendo que leiam o texto de um dos meus humoristas favoritos, Ricardo Araújo Pereira, que o escreve com a audácia e a acutilância de sempre:


«Que dizer do caso Freeport que ainda não tenha sido referido por outros? Eis um problema que não afecta este vosso amigo. Vasco Pulido Valente, Pacheco Pereira e eu temos a mesma sorte: acontece com muita frequência os cronistas que nos precedem falharem o essencial. Entretêm-se com o supérfluo, esmiúçam os aspectos menos importantes dos assuntos e deixam, livre de toda a palha, o núcleo essencial dos problemas à mercê de ser colhido por nós. Foi o que sucedeu com o caso Freeport. Analistas atrás de analistas têm vindo a ignorar o facto central de todo este processo: Sócrates diz Freepor. Este é o primeiro ponto essencial que ninguém referiu. Toda a gente diz Freeport, menos José Sócrates, que diz Freepor. Parece claro, por isso, que Sócrates recusa revelar tudo neste caso, nomeadamente o t final de Freeport, que nunca articula. Parece impossível que um político que tanto se tem batido pelo ensino do inglês não seja capaz de pronunciar correctamente uma palavra inglesa. Portugal assiste, portanto, a dois casos em vez de um: o caso Freeport e o caso Freepor. Este último – que, recordemos, foi denunciado por mim –, acaba por ser mais rico e intrigante do que o primeiro, porquanto junta às suspeitas de corrupção o mistério do desaparecimento de uma consoante. Além disso, entronca num caso antigo, na medida em que recupera as dúvidas que existiam quanto às competências do primeiro-ministro no âmbito do inglês técnico.


O segundo ponto essencial que a imprensa tem esquecido é o motivo. Sócrates tinha ou não uma razão forte e privada para favorecer a construção do Freeport? Não é preciso pensar muito para concluir que sim. A quem interessa um outlet com lojas de roupa de marca mais barata perto de Lisboa? Ao sexto homem mais elegante do mundo, certamente. O Freeport permite-lhe manter a mesma elegância, mas a preços mais baixos. Não sei se o primeiro-ministro cometeu alguma infracção ética ou até algum delito no caso Freeport, mas não deve ser menosprezada a ambição, inerente à condição humana, de ultrapassar o Karl Lagerfeld em garbo.


O terceiro ponto menosprezado pela comunicação social tem a ver com o facto que precipitou a investigação. Ao que parece, o juiz desconfiou do modo como o projecto foi licenciado. De acordo com a descrição do magistrado, tudo se passou de forma impecável, célere e competente. Estava à vista de todos que alguma coisa estava mal. Em Portugal, este costuma ser um bom método para descobrir ilegalidades. Se um projecto é aprovado dentro do prazo, alguém anda a receber dinheiro por fora. Normalmente, quando alguma coisa corre bem, é sinal de que há moscambilha.»


Ricardo Araújo Pereira, Boca do Inferno, Revista Visão


Parece-me claro que a gordura a mais se deve ao facto de Sócrates papar todos aqueles Ts e não a deixar de fumar… Senhor Primeiro-ministro: toda a gente sabe que o Y engorda muito menos!


As Malícias do Mundo

Hoje veio a público que o Padre Vitor Melícias receberá 7450 euros de pensão, uma bagatela considerando os prémios dos gestores do BCP. É de valor discorrer sobre o que vai mal em Portugal, país onde um pobre orientador espiritual é condenado a viver com apenas 16 salários mínimos por mês, abandonando assim um salário que deveria ser já de si muito pequeno.

Devo manifestar o meu apoio aos partidos da oposição quando exigem que o governo controle os prémios dos gestores dos bancos, e exijo ainda que o governo crie também um fundo de beneficência para ajudar o segundo Padre mais famoso de Portugal (o primeiro é o Padre Borga).

Pode Concluir Senhor Padre.
(Aqui documentado numa cerimónia em que honra a vida)

A Pedido de Muitas Almas

Os meus colegas mais perspicazes rapidamente conseguiram associar o título deste blog à política, e têm esperado ansiosamente o primeiro post sobre esta, desdenhando ao mesmo tempo dos videojogos. Este post é principalmente para eles:

Aparentemente, o governo aprovou hoje mesmo um regime que permite que os docentes aposentados sejam voluntários nas escolas. Parece-me uma medida inteligente, já que Portugal tem há muitos anos falta de professores e de pessoal não-docente, preenchendo sempre as vagas e nunca deixando um único professor no desemprego. Considero ainda que será uma alegria para todos os alunos que podem continuar a ver a evolução dos dinossauros até eles se transformarem completamente em esqueletos.

O Governo diz que “a colaboração dos docentes aposentados constituir-se-á como uma actividade assente no reconhecimento das suas competências científicas, pedagógicas e cívicas, sendo exercida de livre vontade e não remunerada, numa prática privilegiada de realização pessoal e social”; ou seja, “queremos que eles trabalhem de graça, ensinando os professores de hoje-em-dia, que na sua maioria não sabem nada de nada”.

Sou obviamente a favor de que se dê trabalho a quem não o tem se deixe descansar e gozar a vida a quem já teve muito tempo de trabalho...

Digo portanto: “Pode Concluir Senhor Deputado”... e recomeçar do zero!

O Primeiro Post Sobre Nada


Depois de dar aos meus leitores um cheirinho do material que escrevo na Focus, resolvi fazer o primeiro post totalmente original.


Estava aqui no meu T2 a jogar Manhunt (PS2) e a ser continuamente morto por inimigos que gostam de me atacar em grupos de seis, usando pistolas e espingardas contra o meu arame, quando comecei a pensar em como seria giro estar na minha verdadeira casa a acabar o meu recém-comprado Metal Gear Solid 4: Guns of the Patriots (PS3).


Pois é caros leitores (actualmente zero, suponho eu, já que ainda agora criei o blog), apesar de ter uma Xbox 360 e uma PlayStation 3, resolvi trazer apenas a PlayStation 2 para Mem-Martins. São dois os factores: não correr o risco de estragar um dos sistemas mais actuais (e mais caros), e concentrar-me em fazer a série de jogos que tenho por acabar na PlayStation 2.


Entretanto vou provavelmente desistir do Manhunt, demasiado difícil para os meus dotes limitados como jogador. Já me dou por satisfeito de ter atingido o antepenúltimo nível. Posso sempre pegar no polémico Manhunt 2, que ainda só experimentei, mas me pareceu bem mais fácil.


Para quem não sabe e tem curiosidade em saber, Manhunt é um jogo de infiltração/sobrevivência onde o jogador adopta o papel de James Earl Cash, um condenado à morte cuja morte é falseada e que é posteriormente levado para uma cidade-prisão onde sobrevive à perseguição de outros condenados. Tudo isto enquanto um sádico realizador (Brian Cox – The Bourne Identity) filma tudo através de câmaras de vigilância que posteriormente edita e comercializa. Editado pela Rockstar (criadora de Grand Theft Auto e Bully) em 2003, Manhunt é uma sátira muito violenta que causou imensa polémica pelo mundo fora. Pessoalmente, adoro o ambiente opressivo, stressante e macabro do jogo, mas eu também não sou um gajo esquisito.


Se ficaram curiosos é questão de espreitar aqui um trailer:


quarta-feira, 18 de março de 2009

Um Vigilante Regressado dos Mortos

The Spirit é mais um herói que transita da BD para o grande ecrã, num filme em que Frank Miller tenta imitar o estilo de Sin City.

Não há muitas dúvidas sobre o destino de The Spirit; ao invés de pegar num herói da BD e o adaptar ao cinema, tornando-o mais realista, e assim, mais acessível a um público vasto, Frank Miller – criador de Sin City e 300 e co-realizador da adaptação ao cinema de Sin City, juntamente com Robert Rodriguez e Quentin Tarantino – decidiu manter tudo aquilo que faz o grande público desprezar este género literário.

Com uma acção exagerada e um enredo inverosímil, a excelente realização e o inegável carisma de The Spirit estão destinados a um estatuto obscuro de filme de culto, contrastando com a grande aceitação que teve o recente The Dark Knight. Infelizmente, um filme com personagens bidimensionais que parece – e é – totalmente retirado de uma BD dos anos 40 não tem a aceitação e a compreensão do grande público, que rapidamente o vai a rotular de fracasso. Assim, muitos não poderão ver como Miller continuou e desenvolveu à sua maneira o género do “novo noir”, e como adaptou fielmente os originais de Will Eisner ao cinema, mantendo o grafismo dos comics originais, num mundo de cores esbatidas, e por vezes, preto e branco, destacando a gravata vermelha do protagonista.

Gabriel Macht (The Good Shepherd) encarna o papel de um polícia que morre e renasce como um vigilante mascarado que luta contra o crime, Spirit. Determinado a manter a ordem na sua cidade, Spirit embarca numa luta com o maior vilão do sítio, The Octopus, interpretado por Samuel L. Jackson (Pulp Fiction). Pelo meio, o protagonista lida com três belas mulheres, Saran Paulson (Serenity), que interpreta uma cirurgiã filha do comissário da policia, a maior aliada do herói; Scarlett Johansson (Lost in Translation), que dá vida à cúmplice de The Octopus e Eva Mendes (Hitch), aqui transformada numa perigosa e sedutora ladra, cujo alvo são homens ricos.

Miller e Eisner, amigos de longa data, sempre debateram entre eles a arte dos comic books, quando Eisner morreu em 2005, Miller decidiu que apesar do medo de falhar, não podia deixar outra pessoa tocar no trabalho do amigo.

Um filme destinado a um público muito segmentado, mas que merece uma oportunidade, desde que não seja posto lado a lado com Watchmen ou The Dark Knight.

*publicado na Focus 492

Who Watches the Watchmen?

Depois do excelente desempenho ao leme de 300, Zack Snyder volta com a adaptação cinematográfica de mais uma novela gráfica, Watchmen.

Em 1986 o argumentista Alan Moore e o desenhador Dave Gibbons criaram aquela que é hoje considerada o pináculo das novelas gráficas: Watchmen. Com a sua história madura e temática actual, esta foi uma obra aclamada mundialmente, não só no mundo dos comics, mas também pela crítica literária em geral.

Numa América alternativa em 1985, super-heróis mascarados são o prato do dia, e a tensão entre os EUA e a URSS aproxima-se cada vez mais do ponto de ruptura.

Quando um dos seus colegas mascarados é assassinado, o super-herói banido Rorschach, na companhia dos seus antigos colegas de combate ao crime, investiga uma perturbadora conspiração que visa matar e descredibilizar todos os super-heróis actuais e retirados. As repercussões desta conspiração serão catastróficas para o futuro.

Depois de muitas tentativas falhadas, a adaptação cinematográfica ganhou forma às mãos da Warner Bros e da Paramout Pictures. Adaptada para o ecrã por David Hayter (escritor de X-Men e X2) e realizada por Zack Snyder (300), esta promete ser mais uma adaptação bem sucedida. Já o escritor original, Alan Moore, optou por se demarcar desta produção de Hollywood, revelando que não deseja que o seu trabalho seja adaptado por uma indústria que “faz a papinha” ao espectador. “Somos como um pássaro recém-nascido à espera que Hollywood, nos dê minhocas regurgitadas a comer. Mas eu estou farto de minhocas, quero ir jantar fora!” – diz Moore, afirmando que não verá a película.

Snyder, apesar do afastamento do criador, trata esta película com o amor com que tratou 300; a novela gráfica é o storyboard do filme, e toda a palete de cores utilizada reflecte o grafismo original dos desenhos de Gibbons. Olhando para estes vigilantes, Snyder faz a pergunta: “Quem tem o direito de dizer o que é certo ou errado? Quem julga aqueles que decidem o que é certo ou errado?”.

Tal como em 300, os cenários criados em computador abundam, e quem vir o trailer pode ter uma boa ideia da mestria com que Zack Snyder maneja a câmara nestes ambientes virtuais.

Na equipa, Snyder conta com a colaboração de vários colegas de 300, entre eles o Compositor e o Director de Fotografia.

A lista de actores não conta com nomes muito sonantes, talvez para o espectador não se ligar ao actor, mas exclusivamente às personagens, que embora invoquem conhecidos heróis de BD, são originais. A equipa é constituída por Jackie Earle Haley (Little Children), Patrick Wilson (Hard Candy), Malin Akerman (The Heartbreak Kid), Billy Crudup (Big Fish), Matthew Goode (Copying Beethoven) e Jeffrey Dean Morgan (The Accidental Husband). “Mais humanos que super”, estes são heróis que lidam com os diversos problemas éticos e pessoais desta sociedade distópica. Dave Gibbons comenta que apesar da realidade da Guerra-Fria ser passado, “há novos medos de destruição maciça, portanto penso que a paranóia estará sempre presente”.

De facto, este não é um filme para crianças. Apesar de estar repleto de super-heróis, os seus temas são muito maduros e ao longo do filme, ossos partem-se e cabeças são rachadas, ao já conhecido estilo de Snyder.

“Sempre se disse que não era possível filmar Watchmen”, diz Zack Snyder, no entanto, ele aí está: o primeiro blockbuster do ano e um dos filmes mais esperados de 2009.

*publicado na Focus 490

Apresentação

A minha apresentação será breve. O meu nome é David Sineiro e sou um estudante de 21 anos, finalista do curso de Comunicação Social e Educação Multimédia da Escola Superior de Educação e Ciências Sociais em Leiria. Embora seja natural da famosa vila histórica de Aljubarrota, estou em pleno estágio na Revista Focus, sediada na Impala, em Sintra. Como hesito em dedicar-me ao relatório de estágio, pensei em deixar de ser o único membro da redacção sem um blog próprio. Viva o conformismo!

O meu blog tratará um pouco de tudo, e ao mesmo tempo, de nada. Current-affairs, cinema, anime e videojogos… Abordarei todas as coisas que me interessam, sempre tendo em conta a sua falta de interesse para outros; mas não é isso a blogosfera?

O título surgiu numa tarde na redacção da Focus. Na TV passava uma emissão da ARtv no canal SIC Notícias, onde Jaime Gama, Presidente da Assembleia da República utiliza a célebre frase “Pode concluir senhor deputado”. Rapidamente me lembrei de questionar os meus colegas redactores de política sobre a existência de um blog com este nome. Como não havia, passou a haver!