segunda-feira, 25 de maio de 2009

Quando o Cinema Corre no Sangue

Aos 45 anos, Nicolas Cage já participou em 60 diferentes produções, sendo um dos actores mais regulares de Hollywood, e detentor de vários papéis clássicos.

Nicolas Cage nasceu para o cinema. Desde o tio, o realizador d’O Padrinho, Francis Ford Coppola à tia Talia Shire (actriz n’O Padrinho), e passando pelos primos, os realizadores Roman Coppola (CQ) e Sofia Coppola (Virgens Suicídas), toda a sua família tem o cinema no sangue.

Os irmãos de Cage, Christopher Coppola e Mark “The Cope” Coppola são também realizador e locutor de rádio respectivamente.

O actor, nascido a 7 de Janeiro de 1964, que hoje é conhecido do grande público, decidiu desde muito cedo optar por uma carreira na representação, o que o fez mudar o seu nome de Nicolas Kim Coppola para Nicolas Cage, de forma a evitar crescer apenas por se agarrar ao nome do tio, criando assim, a sua própria fama. O nome Cage vem do conhecido herói da Marvel, Luke Cage, um lutador com experiência de rua.
Cage desistiu aos 17 anos da Beverly Hills High School para se dedicar a um curso de teatro, filme e televisão que o preparasse para a sua carreira.

Depois de um papel quase cortado no filme Viver Depressa, de 1982, onde contracenou com Sean Penn (Mystic River), Cage conseguiu um papel no filme do tio Coppola, Juventude Inquieta, de 1983, e um papel principal no filme Valley Girl, também desse ano, onde interpretou um rebelde que vai com uma betinha ao Baile de Finalistas.

Apesar de se tentar distanciar do tio em nome, o actor acabou por participar em vários filmes deste, como Cotton Club (1984) e Peggy Sue Casou-se (1986), que lançaram definitivamente a sua carreira.

A sua paixão pela técnica de representação do método, que consiste em incorporar o personagem e viver como ele até fora do filme, já o levou a destruir o carro telecomandado de um vendedor de rua só para construir a raiva de que precisava para interpretar a sua personagem de Cotton Club, um gangster.
Em 1987, Cage conseguiu papéis principais em dois filmes míticos da sua carreira, a mais tresloucada comédia do irmãos Coen, Arizona Júnior, e a comédia romântica Feitiço da Lua, onde contracena com Cher. Mais tarde, em 1990, David Lynch deu-lhe o papel principal no seu filme Um Coração Selvagem. Todos estes papeis receberam grandes aplausos da crítica, até finalmente Cage receber um Oscar de Melhor Actor Principal pelo filme Morrer em Las Vegas, de 1995.

Em 1996, Cage protagonizou dois filmes produzidos por Jerry Bruckheimer, os blockbusters The Rock: O Rochedo e Con Air: Fortaleza Voadora.

Cage tornou-se oficialmente um homem da acção quando contracenou com John Travolta no filme de John Woo A Outra Face, onde interpreta duas personagens opostas. Participou também em filmes tão variados como o romance Cidade dos Anjos, o thriller Olhos de Serpente, de Brian De Palma, e outro blockbuster de Bruckheimer, Sessenta Segundos, que gira à volta de um ladrão de carros.

Pelo meio, Cage entrou no mal sucedido 8MM, um filme de Joel Schumacher, que conquistou o estatuto de filme de culto, e no mórbido Por um Fio, um dos filmes menos conhecidos de Martin Scorsese. Ambos são filmes onde teve muito boas prestações.
Para o filme de 2001, O Capitão Corelli, Cage aprende a tocar bandolim de raiz, uma nova experiência que não se compara à de realizar o seu primeiro filme, Sonny, com James Franco (Homem-Aranha) no papel de um gigolô acabado de sair do exército.

A segunda e, até agora, última nomeação de Nicolas para o Oscar de Melhor Actor Principal foi para o filme Inadaptado, de 2002, onde Cage interpreta Charlie Kaufman e o seu irmão gémeo imaginário, Donald, um prémio que não ganhou.

Depois de protagonizar Amigos do Alheio, de Ridley Scott (Gladiador), Cage fez de Ben Gates em O Tesouro, uma espécie de Indiana Jones moderno. A estes dois famosos papéis seguiram-se participações em dois filmes de menor divulgação, mas de grande qualidade. O Senhor da Guerra, um satírico filme sobre um traficante de armas, e O Homem do Tempo, o drama peculiar realizado por Gore Verbinski (Piratas da Caraíbas).

No retrato trágico do ataque ao World Trade Center, realizado por Oliver Stone (Platoon), Cage interpreta um polícia que sobrevive à queda das torres ficando enterrado nos escombros durante vários dias. Desde aí, a sua carreira não tem visto os seus melhores dias, desde a participação no horrível O Escolhido ao papel em Next: Sem Alternativa.
Pelo meio salvou-se a adaptação do herói da Marvel Ghost Rider para o grande ecrã e a sequela d’O Tesouro: Livro dos Segredos. Digno de menção é o seu cameo no trailer Werewolf Women of the SS do filme Grindhouse, de Robert Rodriguez (Desperado) e Quentin Tarantino (Pulp Fiction).

Até chegar a Sinais do Tempo, Nicolas ainda participou no remake de Bangkok Dangerous, que também não teve muito sucesso.

Nicolas Cage está longe de ser consensual. As más-línguas chamam-lhe vendido. Dizem que descartou os dramas onde realmente mostra o seu valor para participar em filmes com grandes orçamentos e que pagam bem melhor – basta comparar o seu ordenado em Por um Fio (um milhão de dólares), com o seu ordenado em O Tesouro (20 milhões de dólares). No entanto, o famoso crítico de cinema Rogert Ebert é o primeiro a defendê-lo: “Ao contrário dos considerados ‘grandes actores do nosso tempo’, Nicolas Cage não tem medo de se sujar; de rastejar sob um braço ou se ficar pendurado de cabeça para baixo.”

Cage não o nega, afirmando que quer fazer todo o tipo de filmes. “Quero fazer grandes filmes que são super divertidos de ver, mas também quero fazer filmes que estimulem o espectador e que acordem consciências. Não pensem que todos os filmes serão uma montanha-russa.”

Quando o Conhecimento se Torna uma Maldição

Nicholas Cage regressa ao grande ecrã num tenso thriller de ficção-científica do realizador de Eu, Robot.

Sinais do Futuro, ou Knowing, em Inglês, é um filme fantástico e emocionante... até tentar explicar-se.

Há 50 anos atrás, os alunos de uma escola primária resolveram enterrar no chão um cápsula cheia de desenhos daquilo que achavam que ia ser o futuro. Hoje, a escola conduz uma cerimónia para entregar cada um desses desenhos às crianças que a frequentam. Enquanto vários alunos contemplam os seus desenhos, Caleb Koestler (Chandler Canterburry – O Estranho Caso de Benjamin Button) recebe um papel com números aparentemente colocados ao acaso.

Quando, por acidente, o seu pai, John Koestler (Nicolas Cage – O Tesouro) dá alguma atenção ao papel, detecta nele escrita a data de 11 de Setembro de 2001, com o número exacto de mortes que resultaram dessa tragédia. Perturbado pela descoberta, John dedica-se a constatar que os outros números também são datas catástrofes e o número de mortos que delas resultaram. O protagonista descobre ainda que três delas ainda não aconteceram. Daí até elas começarem a acontecer e até John as tentar parar, não vai muito tempo.
Para além das catástrofes, o personagem de Nicolas Cage terá de lidar com uns estranhos que perseguem o seu filho e o fazem ouvir sons indecifráveis desde que ele recebeu a lista de números. Como tudo isto também aconteceu à miúda que escreveu os números há 50 anos atrás, pai e filho procuram a sua família, na tentativa de melhor compreender os acontecimentos. São elas Diana Wayland (Rose Byrne – 28 Semanas Depois), a filha, e Abby Wayland (Lara Robinson), a neta que também ouve os estranhos.

O filme beneficia imenso por ter sido realizado por Alex Proyas. O realizador de Eu, Robot e O Corvo empresta-lhe a sua visão e mestria extraordinárias, dotando o filme de grande emoção e tensão nas cenas mais indicadas.

O que estraga um pouco a experiência é mesmo o fim, que é demasiado over the top e não consegue atingir o mínimo exigido de credibilidade.

No entanto, não é pelo fim que o filme deixa de ter qualidade em geral. Quer os grandiosos desastres, fabulosamente criados em computador, quer os momentos de grande tensão e até terror que aparecem pelo meio têm um ambiente perfeito, mostrando a vida extra que Alex Proyas dá às suas imagens.
O som ajuda claramente a ambientar o espectador, e este não vai deixar de se manter interessado pelo filme até chegar o ponto inverosímil em que tudo o que acontece é simplesmente incoerente demais para fazer sentido.

Não deixa de ser triste ver um filme que podia, de facto, ser muito bom a ficar-se pelo mediano apenas por causa dos últimos minutos, especialmente quando o guião foi criado de raiz e trabalhado por oito anos. Pedia-se mais desta história que apesar dos recorrentes temas do pai que protege o filho e do herói que tenta salvar as massas, podia ter-se destacado como um novo clássico.

“As pessoas vão ao cinema para ver algo grandioso, algo divertido, algo especial que nunca tenham visto antes.”, diz o produtor Jason Blumenthal (Em Busca da Felicidade), acrescentando: “Nós damos-lhe isso!”

segunda-feira, 20 de abril de 2009

O Cheiro a Pneu Queimado no Asfalto

Pneus aquecidos, nitro a postos, a quarta corrida da série Velocidade Furiosa arranca em grande estilo.

Quem vai ao cinema ver Velozes e Furiosos não vai à procura da próxima Lista de Schindler; vai sim à procura de passar um bom bocado a ver cenas emocionantes e acrobacias que desafiam as leis da física. A quarta iteração da série é isso mesmo; um filme veloz, acrobático e cheio de adrenalina e testosterona.

Velozes e Furiosos é uma continuação da história do primeiro filme e junta de novo o corredor fora-da-lei Dominic Toretto (Vin Diesel - As Crónicas de Riddick) e o agente do FBI, Brian O’Conner (Paul Walker - Bobby Z), os protagonistas da primeira história.

Cinco anos depois de Brian ter deixado Dominic escapar ao braço da lei, ele e a sua namorada Letty (Michelle Rodriguez – Resident Evil) ainda assaltam camiões em movimento. A primeira cena do filme mostra isso mesmo, com Dom e a sua equipa a tentarem roubar os atrelados de um gigantesco camião cisterna. Esta cena é tudo menos brilhante, fazendo antever um filme muito pior do que realmente é.

De facto, o filme, a cargo do realizador Justin Lin, já responsável pelo terceiro filme da série, Velocidade Furiosa: Ligação Tóquio abusou bastante dos limites da realidade e do bom senso na sequência inicial, que acaba num acidente só possível de filmar em CG (gráficos de computador).

A qualidade do filme melhora bastante à medida que o enredo se vai desenvolvendo e que percebemos o que move as personagens a correr desta vez. Tanto as corridas como as perseguições, a pé e de carro, deixam de abusar do CG e são aquilo que deviam ser. Proezas reais com carros reais.

Os carros são realmente o destaque do filme, sendo d lamentar a grande ausência dos tunners de Ligação Tóquio. Mas nem só de carros se faz o eye-candy da película, havendo resmas de raparigas esbeltas pouco vestidas e a trocarem beijos que não são mais que fan-service para o espectador.
Defeitos à parte, o filme fará as delícias dos fãs da série, que poderão ver como Brian, readmitido no FBI, volta a cruzar-se com Dominic e como ambos tentam, pelas suas próprias razões, desmantelar uma operação de tráfico de droga e capturar o seu líder. Pelo meio aprece o drama de Dominic, que convém não revelar e as dúvidas de Brian sobre as suas alianças.

As representações dos actores são dentro da norma, não impressionando nem deixando nada a desejar. Afinal, num filme feito de planos com fracções de segundos há pouco espaço também para dar asas ao talento dos actores.

A música é dentro do estilo dos últimos filmes. Músicas rápidas, barulhentas e que combinadas com as imagens de carros a grande velocidade, conseguem aumentar ainda mais a adrenalina do próprio espectador. E que adrenalina!

A experiência de ver blockbusters no cinema é sempre muito mais estonteante, e este não é excepção. Apesar de acreditarmos sempre que tudo correrá bem para os personagens principais, quem conseguir meter-se dentro do filme vai adorar a viagem e o sentimento de velocidade desta longa-metragem.

A Nova Face da Acção

Vin Diesel é o actor que mais se associa ao género da acção. O ex-porteiro de discoteca tem um talento inato para a cacetada, mas também tem muito mais debaixo do ar duro.

A estrela de Hollywood que protagonizou blockbusters como xXx: Missão Radical, Velocidade Furiosa e As Crónicas de Riddick nasceu em Nova-Iorque a 18 de Julho de 1967.

Filho de mãe italo-americana e de pai afro-americano, Mark Sinclair Vincent, nunca conheceu o seu pai, sendo criado pelo padrasto, um professor de representação que geria um teatro. No entanto, a sua primeira peça chegou-lhe às mãos quando ele e uns amigos, aos sete anos de idade, arrombaram um teatro para o vandalizar. Encontrando a directora artística lá dentro, esta convidou-os a ficar, entregando-lhes guiões e pagando-lhes 20 dólares na condição de irem aos ensaios todos os dias depois da escola.

Desde aí a sua carreira foi evoluindo, graças às suas capacidades, e à companhia do seu padrasto. Aos 17 anos, Mark torna-se porteiro numa discoteca de Nova-Iorque e muda o nome para Vin Diesel. Vin por ser diminutivo de Vincent, Diesel porque os amigos dizem que ele funciona a diesel, dado a sua inesgotável energia.

Depois de três anos a estudar línguas e escrita na universidade, Vin começou a escrever guiões e decidiu desistir do curso para viajar até Hollywood, de forma a promover a sua carreira. Depois de um ano a tentar promover-se e sem ver qualquer valor dado à sua experiência no teatro, Vin decide voltar a casa, onde a mãe lhe oferece o livro Filmes a Preços de Carros Usados.
Foi com 3000 dólares que Vin Diesel realizou, produziu e escreveu a curta de 20 minutos Multi-Facial em que também é o actor principal. A curta conta a história parcialmente auto-biográfica de um actor que lutava para obter trabalho e reconhecimento.

O projecto seguinte também foi escrito, produzido e realizado por Vin. Para conseguir filmar Strays, Diesel teve de recorrer ao telemarketing, através do qual conseguiu juntar quase 50 000 dólares. Apesar de não ser um sucesso com o público, o filme conseguiu ser aceite para o Sundance Film Festival.

Não foi Strays, mas a sua apaixonada performance em Multi-Facial que levou Steven Spielberg a telefonar-lhe e a convidá-lo para integrar o elenco do seu épico de guerra O Resgate do Soldado Ryan, filme que finalmente lançou a sua carreira.

A sua voz grave foi rapidamente desejada para dar vida à personagem que dá o nome ao filme de animação O Gigante de Ferro, papel que lhe valeu muitos aplausos. A sua presença foi requerida em Dinheiro Quente, mas foi em Eclipse Mortal que Vin Diesel encontrou um dos seus mais carismáticos personagens, Richard B. Riddick.

No entanto, foram os papeis principais em xXx: Missão Radical e Velocidade Furiosa que tornaram o nova-iorquino num conhecido do grande público. Uma estrela tinha acabado de nascer.

Daí para a frente, Vin Diesel tornou-se um dos nomes grandes da acção em Hollywood, tendo protagonizado a sequela de Eclipse Mortal, As Crónicas de Riddick. Para isso, Diesel declinou protagonizar Velocidade Mais Furiosa e xXx2: Estado Radical.
Juntamente com o novo filme, Riddick voltou à ribalta noutros meios. Uma curta-metragem de Anime (animação japonesa), The Chronicles of Riddick: Dark Fury e um videojogo de tiros em primeira pessoa, The Chronicles of Riddick: Escape from Butcher Bay continuaram a desenvolver o personagem mais famoso de Vin, tendo ele estado directamente envolvido nestas produções, e tendo emprestado a voz às suas representações em desenho e pixéis.

O videojogo foi produzido pela Tigon Studios, uma companhia de videojogos fundada pelo próprio Vin Diesel e que se foca na produção de jogos com a presença do actor, seja digitalizando a sua figura, seja usando a sua voz. Quase a ser lançados estão Wheelman, um jogo de condução e The Chronicles of Riddick: Assault on Dark Athena, a continuação do primeiro jogo de Riddick.

Em 2005, Diesel fez o seu pior filme, O Chupeta, onde lida com crianças, e que curiosamente foi um sucesso de bilheteira. Depois disso, o actor engordou 20 quilos para interpretar Fat Jackie em Mafioso Quanto Baste, um gangster da máfia que lhe valeu a aclamação da crítica, apesar de ser um fracasso de bilheteira. Esteve ainda quase para protagonizar a adaptação ao cinema do videojogo Hitman, embora tenha acabado apenas como produtor executivo, e protagonizou Babylon A.D., um thriller de ficção-científica.

Para além do cameo no terceiro filme da série Velocidade Furiosa, Diesel aceitou agora voltar para um papel principal na quarta “corrida”.

Em produção está um novo filme baseado n’As Crónicas de Riddick, que em princípio será o segundo filme da trilogia, já que Eclipse Mortal é apenas considerado uma apresentação do personagem.

Vin Diesel ascendeu definitivamente ao estatuto de super-estrela dos filmes de acção, já estando a preparar-se para em 2011 interpretar Hannibal Barca, o bárbaro que tentou conquistar Roma. Um filme que ele também realiza e produz.

No entanto, o nascimento a 2 de Abril da sua filha com a mulher Paloma Jimenez vai mantê-lo ocupado e fora dos filmes por algum tempo.

terça-feira, 14 de abril de 2009

Corpo de Metal, Coração de Humano

Como prometido, aqui fica um relato de algumas considerações e recomendações que achei convenientes retirar desta semana.

Mais por favor do que por vontade própria, sábado fui ao cinema ver o “Marley e Eu”, de que já falei aqui no blog, na forma do artigo da Focus. Um dos problemas da revista é que raramente vemos os filmes antes de escrever o artigo, pois este que tem que sair antes da estreia do filme, e só vamos a antestreias as películas que têm direito a duas páginas ou mais. Nem contava ver o filme, pois julgava-o uma comédia romântica muito mais by-the-numbers. Surpreendeu-me muito! Dei por mim a chorar que nem parvo. Recomendo que vejam, mesmo que pareça só mais um filme com cães, não o é. Vale muito a pena, pois aborda as relações entre um casal de uma forma muito mais realista e adulta do que os outros filmes do género e até do cinema em geral.
Ah! E por falar em antestreias, na passada quarta-feira vi o Fast & Furious, que é sem dúvida o melhor dos quatro filmes da série, que recomendo a todos os que me lêem e gostem de velocidade e adrenalina. Quando a revista sair posto aqui no blog o que escrevi sobre ele para todos lerem! E ainda um perfil do Vin Diesel! As coisas que eu faço!

Já hoje fui ver o Knowing, com o Nicolas Cage. Daqui a uma semana postarei as minhas impressões, mas posso desde já adiantar que apesar de ser um filme fixolas, é muito inverosímil, especialmente no fim. Recomendo a grandes fãs de ficção-científica ou de filmes de catástrofes, mas não acho desaconselhável darem uma olhadela se estiverem curiosos.

No fim-de-semana aproveitei também para me actualizar nas novas séries de Anime que começaram este mês, entre elas grandes nomes, como a nova série de Hagane no Renkinjutsushi, traduzida para FullMetal Alchemist: Brotherhood.
Subtítulo à parte, há muito tempo que mal podia esperar para ver a nova série. Sempre fui fã da série antiga, e saber que a nova vai seguir fielmente a história retratada na manga em vez de seguir um caminho paralelo, como fez a primeira, é uma grande alegria para mim.

FullMetal Alchemist é a história de dois irmãos, Edward e Alphonse Elric, que vivem num mundo paralelo onde a alquimia não é uma arte ancestral, mas um poder mágico que vive em cada um dos seus habitantes. Quando a mãe deles morre, os dois irmãos, ainda crianças, tentam trazê-la de volta através desta arte, ignorando o seu princípio básico: a troca equivalente. Como para criar algo é preciso sacrificar uma coisa de igual valor, Alphonse perde o corpo e Edward perde um braço.
Depois de violar o maior tabu da alquimia, Edward teve de sacrificar uma perna para prender a alma do irmão a uma armadura, fazendo dele uma armadura vazia.

O primeiro episódio da nova série é tudo o que podia esperar, com o regresso de alguns dos melhores personagens de sempre da animação japonesa. Quem ainda não conhece, não tem melhor desculpa para começar a seguir a grande epopeia destes dois irmãos que lutam para reconstruir os seus corpos. A série nova é um reboot, e nada tem a ver com a antiga, apesar de contar com os mesmos seiyuus (actores de voz), e com o seu trabalho magnífico.
Entretanto também vi o primeiro episódio de Dragon Ball Kai, a nova série de Dragon Ball que reconta em 100 episódios os acontecimentos de Dragon Ball Z, de 291 episódios. Foi uma desilusão, pois esperava um remake com desenhos novos e de grande qualidade, tendo encontrado uma série que é basicamente um director’s cut. Só para fãs acérrimos! Mais vale sacar a série original.

Ah! Caso vos interesse, o filme artístico feito apenas com desenhos de Yoshitaka Amano (responsável pelo artwork da série Final Fantasy do I ao IX), experimentem fazer download do 1001 Nights. É uma viagem como nenhuma outra à imaginação de um criador sem igual.

domingo, 12 de abril de 2009

Time and Expression

Muita coisa se tem passado por estas bandas. Nada de relevante para a maioria de vocês, mas como sou chato vou contar na mesma, começando pelo mais importante. Depois faço outro post para contar as outras coisas todas de que me apetece falar. Uma atenção especial ao genial texto em itálico mais à frente.


Como este fim-de-semana estive bastante tempo por casa, consegui finalmente acabar e completar um dos meus jogos favoritos: Braid.


No meu post sobre “Jogos a Granel” falei do jogo, mas o mais provável é que os meus leitores não façam a mínima ideia do que ele representa.


Para quem não conhece, Braid é um jogo low-budget, criado por Jonathan Blow, que saiu o ano passado no Xbox Live Arcade, a loja online da consola da Microsoft.


Braid é um jogo simplista em 2D com as mesmas raízes de Super Mario Bros., mas que eleva muito mais a fasquia desse grande clássico dos videojogos, tendo conquistado mais de 50 prémios pelo mundo fora.

Esta é uma história profunda e subtil que começa por ser mais uma procura de uma princesa e acaba com algo muito mais... transcendental. E digo isto num sentido em que o jogo é quase impossível de descrever, sendo necessário que o jogador experiencie por ele a ambiguidade e a criatividade da história de Jonathan Blow e da magnífica arte de David Hellman conjugadas com a fantástica música.


Desde o início que somos cativados pela música brilhante e pelos cenários completamente desenhados à mão, com um ominoso logótipo em chamas, mas é quando chegamos aos primeiros livros (principal meio utilizado para contar a bela história do jogo) que percebemos que esta é definitivamente uma obra única.


Percam algum do vosso tempo a ler este excerto dos livros do primeiro mundo a que o jogador chega:


"Tim is off on a search to rescue the Princess. She has been snatched by a horrible and evil monster. This happened because Tim made a mistake."


"Not just one. He made many mistakes during the time they spent together, all those years ago. Memories of their relationship have become muddled, replaced wholesale, but one remains clear: the princess turning sharply away, her braid lashing at him with contempt."


"He knows she tried to be forgiving, but who can just shrug away a guilty lie, a stab in the back? Such a mistake will change a relationship irreversibly, even if we have learned from the mistake and would never repeat it. The princess's eyes grew narrower. She became more distant."

"Our world, with its rules of causality, has trained us to be miserly with forgiveness. By forgiving them too readily, we can be badly hurt. But if we've learned from a mistake and became better for it, shouldn't we be rewarded for the learning, rather than punished for the mistake?"


"What if our world worked differently? Suppose we could tell her: 'I didn't mean what I just said,' and she would say: 'It's okay, I understand,' and she would not turn away, and life would really proceed as though we had never said that thing? We could remove the damage but still be wiser for the experience."


Penso que não é preciso escrever mais e que a partir daqui é fácil para vocês leitores e desconhecedores do jogo perceberem o quão único ele é; especialmente numa época em que estamos tão carregados de jogos com soldados aos tiros. Resta-me salientar a grande coerência entre história e gameplay, pois, por exemplo, no mundo que estes textos ilustram o personagem principal tem o poder de voltar atrás no tempo, corrigindo os seus erros, tal como deseja fazer no texto.


Por 15€, não sejam forretas, o jogo acabou de ser lançado para PC dia 10 de Abril. Não há desculpa para não fazer um cartão no MBnet e comprar através do Steam. Não se vão arrepender!


E lembrem-se: “O importante não é onde vamos ter, mas como fomos lá parar!”


quarta-feira, 8 de abril de 2009

Ela pede mais Crédito... para o Filme

Em tempos de crise, Jerry Bruckheimer ataca com um filme sobre uma viciada em compras. Louca por Compras cheira a hipocrisia.

Qualquer filme em que um pai, durante tempos de crise, diga a uma filha “Se a economia pode estar endividada em biliões de dólares e sobreviver, tu também podes!” é uma autêntica lição sobre mau gosto e falta de tacto no cinema.

A mais recente produção de Bruckheimer é isso mesmo: um filme sobre uma jornalista que é despedida com uma dívida de 16 mil dólares no cartão de crédito. E o que faz ela? Gasta ainda mais dinheiro e consegue um emprego numa revista financeira que a projecta para a fama mundial devido apenas a uma simples coluna sobre como poupar. Perante tal argumento, é impossível encarar este filme com seriedade, mais vale deixar o cérebro em casa e encará-lo como uma sucessão de eventos cómicos sem qualquer ligação com a realidade.

O realizador P.J. Hogan (O Casamento do Meu Melhor Amigo) dirige esta adaptação ao cinema da série de livros de Sophie Kinsella, que vendeu 15 mil exemplares em todo o mundo, e que é protagonizada por Isla Fisher (Os Fura-Casamentos).

Rebecca, a personagem de Isla, é a típica personagem distraída das comédias românticas. O filme acompanha-a de palermice em palermice, tentando a todo o custo esconder o seu vício dos novos colegas, e tentando conquistar o seu patrão novo. Uma história semelhante com contornos diferentes podia ter sido uma boa lição, uma comédia engraçada e um filme soft para ver com os amigos mas não. É difícil gostar de uma personagem tão fútil e que só pensa na próxima mala a comprar, e isso desliga o espectador de toda a experiência. Um insulto a todas as mulheres que gostam de compras.

Mas nem tudo é mau, o filme passa pelas lojas mais glamorosas de Nova Iorque, e conta com um guarda-roupa excelente, a cargo de Patricia Field, já responsável pelo mesmo campo em O Diabo Veste Prada e O Sexo e a Cidade e nomeada para um Oscar pelo primeiro.

O filme também conta com John Goodman (Os Flintstones) e Kristin Scott Thomas (O Paciente Inglês), mas não é algo que se recomende a não ser a grandes fãs de tretas.

As Almas do Soul

Samuel L. Jackson e Bernie Mac juntam-se para uma comédia em grande estilo.

Homens do Soul conta a história de Louis Hinds (Samuel L. Jackson – Pulp Fiction) e de Floyd Henderson (Bernie Mac - Orgulho), dois cantores de música soul que não se falam há mais de 20 anos, desde que o seu duo musical acabou. Quando o antigo líder da sua banda morre, o antigo duo junta-se novamente para um concerto de tributo. Com apenas cinco dias de viagem para resolver as suas diferenças, os dois cantores seguem rumo ao lendário Apollo Theater, onde se realizará o concerto.

O filme, realizado por Malcolm Lee (O Irmão Secreto), é uma espécie de jornada espiritual sobre dois amigos que resolvem as suas diferenças, e enfrentam algumas diferenças causadas pela nova cantora, Sharon Leal (DreamGirls).

Incrivelmente, Homens do Soul é o primeiro filme a juntar estas duas super-estrelas, sendo infelizmente também o último. Este é infelizmente o “Canto do Cisne” de Bernie Mac, que morreu dia nove de Agosto do último ano. O filme é dedicado ao actor e ao cantor Isaac Hayes que faz dele próprio neste filme e morreu apenas um dia depois do actor, por causas não relacionadas. Como tributo aos artistas, o filme foi alvo de uma nova montagem para o tornar menos pesado.

Jackson e Mac sempre quiseram trabalhar juntos, e o produtor David Friendly fez-lhes a vontade. “Eu e o Sam conhecemo-nos há imenso tempo”, diz Mac. “Jogamos golfe, vamos a casa um do outro. Sempre nos perguntaram quando faríamos um filme juntos.” Mac respondia – “Vai acontecer!”

Quando a oportunidade surgiu, ambos os actores ficaram motivados a dar o seu melhor, insistindo em serem eles próprios a cantar a dançar como seria suposto os seus personagens fazerem. Quem conhece Bernie ou Sam não precisa de saber mais do que isto para perceber que mesmo sem uma história original, o filme será extremamente divertido, e que contará com performances de ir às lágrimas. O mundo do cinema esperava esta união. O último filme de Bernie Mac no cinema é também um daqueles por que mais será lembrado.

terça-feira, 7 de abril de 2009

Mais uma Missão para o 112


“My car will not start. I'm locked inside my car. Nothing electrical works. And it's getting very hot in here, and I'm not feeling well.” – Foi isto que uma senhora da Florida disse às autoridades de depois de ligar o 911, o 112 da América.

A senhora, que provavelmente se sentiu solidária com Peter Griffin, o personagem principal de Family Guy, superou tudo o que já se fez em termos de humor, indo ao cúmulo de ligar para o número de emergência.

Foi só com a ajuda e as preciosas sugestões do técnico de socorro que a senhora decidiu puxar manualmente a fechadura da porta, coisa que (CHOQUE) destrancou a porta…

É disto que se fazem as lendas!

The White House Gets Nasty

Aparentemente, os jornalistas que usaram o número disponibilizado pela Casa Branca para tentar obter declarações de Hillary Clinton na cimeira dos G20 tiveram uma agradável surpresa.

A voz do outro lado da linha não era Clinton, mas sim uma voz suave que pedia o número de cartão de crédito, caso o ouvinte se sentisse com vontade de ser “badalhoco” (if he feels like geting nasty).

A linha de sexo telefónico era provavelmente protagonizada pela senhora Mónica Lewinsky, pois esta já tem uma vasta experiência a substituir Hillary.

Infelizmente, os jornalistas não ficaram tão agradados como o ex-presidente Bill Clinton, o que fez com que a Casa Branca alterasse o número.

Finalmente alguém se preocupou em agradar aos jornalistas e nos (sim porque também me considero um) manter entretidos durante o G20, mas não. Os nossos colegas tiveram logo de ir reclamar… Até percebo porquê, já que a senhora queria aceder à conta sem aceder a outros lados… Sugiro desde já à Casa Branca que da próxima vez pague pelos serviços, vão ver que há muito menos reclamações!

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Sonho de Rapariga Adolescente

Num rasgo de inteligência e de generosidade, duas mães do Missouri, Karen Christine Downs, de 43 anos e Kelsee Guest, de 25, ofereceram 10 dólares a quem conseguisse "emborcar" mais depressa um copo de Vodka na festa de anos da filha de Downs.

As mães são acusadas por pôr em perigo a integridade das seis jovens entre os 13 e os 14 anos de idade por lhes fornecerem cerveja e licor, assim como de fazerem shots.

Apesar de eu não beber, demonstro aqui o meu apreço e solidariedade por estas mães, que procuravam apenas consolidar a sua relação com as filhas. Afinal, todos os pais sabem o quão difícil é agradar a uma filha adolescente.

Afinal de contas, esta poderá bem vir a ser uma notícia recorrente, já que a sociedade que se está a formar tem uma grande predilecção por bebidas alcoólicas e um grande decrescimo nos neurónios graças a isso.

Graças a este gesto de amizade das mães, duas raparigas foram hospitalizadas. Não sabiam beber!

112 Ajuda com a Matemática

Apetece-me partilhar convosco uma conversa que me chegou como sendo uma notícia do digg.com. Ou isto é uma mentira parva, ou o mundo está a ficar algo transtornado.

Operator: 911 emergencies.
Boy: Yeah I need some help.
Operator: What’s the matter?
Boy: With my math.
Operator: With your mouth?
Boy: No with my math. I have to do it. Will you help me?
Operator: Sure. Where do you live?
Boy: No with my math.
Operator: Yeah I know. Where do you live though?
Boy: No, I want you to talk to me on the phone.
Operator: No I can’t do that. I can send someone else to help you.
Boy: Okay.
Operator: What kind of math do you have that you need help with?
Boy: I have take aways.
Operator: Oh you have to do the take aways.
Boy: Yeah.
Operator: Alright, what’s the problem?
Boy: Um, you have to help me with my math.
Operator: Okay. Tell me what the math is.
Boy: Okay. 16 take away 8 is what?
Operator: You tell me. How much do you think it is?
Boy: I don’t know, 1.
Operator: No. How old are you?
Boy: I’m only 4.
Operator: 4!
Boy: Yeah.
Operator: What’s another problem, that was a tough one.
Boy: Um, oh here’s one. 5 take away 5.
Operator: 5 take away 5 and how much do you think that is?
Boy: 5.
Woman: Johnny what do you think you’re doing?!
Boy: The policeman is helping me with my math.
Woman: What did I tell you about going on the phone?
Operator: It’s the mother…
Boy: You said if I need help to call somebody.
Woman: I didn’t mean the police.

quinta-feira, 2 de abril de 2009

“Eu cá não quero ver o pipi da Maya”

Foi esta a afirmação da minha colega CC, ao almoço, durante uma conversa sobre a última Playboy e as declarações de Maya sobre esta.

Para quem não sabe, a taróloga Maya criticou a escolha de Mónica Sofia (que podem observar no post anterior) para capa da revista. “A capa é pobrezinha. A Mónica tem um corpo maravilhoso, mas está em início de carreira. Como não optaram por uma capa ousada, podiam ter apostado numa pessoa mais velha, uma diva. Foi uma má opção”, disse Maya ao Correio da Manhã. Até aqui tudo bem, já que de facto, Mónica não é tão badalada e popular como seria uma Cláudia Vieira ou uma Rita Pereira. No entanto, Maya acrescentou uma frase que pode chocar muitos dos leitores mais sensíveis: "Acho que eu daria uma melhor capa.”

Vou dar algum espaço ao leitor para se recompor do choque, pois sei que é emocionalmente desgastante, especialmente para quem tiver uma imaginação fértil. No entanto, sossego-vos, pois Maya completou a frase dizendo: “Mas nunca me iria despir, principalmente pelo meu filho”.

O que dizer depois disto? Filho da Maya, não sei como te chamas, mas “OBRIGADO!”

quarta-feira, 1 de abril de 2009

O Verdadeiro Playboy

Na semana a seguir à saída do primeiro número da Playboy portuguesa, as ondas já se fazem sentir.

Foi certamente o chamado efeito borboleta que levou o senhor Jason Leroy Savage, 29 anos, residente a 144km de Detroit, a ter relações sexuais com um aspirador de uma estação de lavagem automóvel. Apesar do acto sexual se ter passado a 16 de Outubro, agrada-me pensar que foi ontem, e que o senhor se foi divertir para a tal estação de lavagem de carros depois de ver a tão formosa capa da Playboy portuguesa. O homem foi apanhado em flagrante às 6:45, por um polícia, depois de uma denúncia de um morador. O senhor foi condenado a três meses de prisão por cometer um acto obsceno.

Provavelmente a escolha do homem recaiu sobre o aspirador da estação por o de casa ter menos poder de sucção. Veremos se os seus novos colegas de cela se dão bem com o seu poder de sucção.

Fica uma sugestão para este senhor solitário:

Água na Fervura

O que à primeira vista pode parecer um ataque nuclear, não é mais do que a erupção de um vulcão subaquático ao largo da costa de Tonga, no pacífico. Fazendo inveja a qualquer Algarve, Tonga tem agora águas ainda mais quentinhas, ideais para um banho relaxante. No entanto, é de lamentar que apesar de grandes esforços da população mundial, ainda haja vulcões irresponsáveis a lançar poluentes para a atmosfera... Uma vergonha!

Autocarro para o Desespero

A 12 de Junho de 2000, a população brasileira assistiu às últimas horas da vida de Sandro do Nascimento. O seu enterro foi acompanhado por apenas uma pessoa – que julgava ser sua mãe.

Inspirado pelo documentário Ônibus 174 de José Padilha (Tropa de Elite), sobre um autocarro sequestrado no Rio de Janeiro, o experiente e consagrado realizador Bruno Barreto (Dona Flor e seus Dois Maridos) criou Autocarro 174, um filme que ficciona alguns dos eventos que levaram até aquela noite fatídica.

Em entrevista à Focus, Bruno Barreto conta que o que mais o impressionou no documentário de José Padilha “foi aquela mulher; o documentário não explica porque é que ela fica obcecada com aquele menino; ela quer ser mãe dele”.

O realizador acrescenta que “naquela imagem final, quando ele está a ser enterrado, que só tem o coveiro a empurrar o caixão, a cara dela não é de quem está a enterrar um filho adoptivo, ela está a enterrar um filho verdadeiro!”. Bruno Barreto explica que foi pesquisar a história da mulher e que esta é um filme aparte. “Esta história, uma mãe que perde um filho, que desaparece, e um filho que perde a mãe e as duas vidas encontram-se... É uma história bíblica! Uma tragédia grega!”

De facto, o sequestro do autocarro não ocorre até aos minutos finais, a história de 110 minutos foca-se verdadeiramente na vida de Sandro. Enquadrando-se bem no género trágico, o filme acompanha desde a nascença Alessandro (Marcello Melo Jr.), o verdadeiro filho de Marisa (Cris Vianna), a mãe que pensou ter encontrado o seu descendente em Sandro (Michel Gomes). Pelo meio, as ironias do destino que ligam e desligam estes personagens, assim como cenas algo incómodas de relações entre menores, algo que considero um pouco escusado.

A personagem do filho verdadeiro foi uma liberdade criativa, pois nunca se encontrou o filho verdadeiro daquela mulher, mas a verdade é que esta opção dá ao filme um tom ainda mais trágico. O filme é uma autêntica viagem para o caixão, tendo uma das partes mais fortes nos créditos finais, em que se ouve o enterro.

Apesar de não atingir a força de Cidade de Deus ou Tropa de Elite, o filme não compete com a dimensão destes dois, apenas partilha o mesmo universo, sendo acima de tudo uma história sobre a dimensão humana: “o que está em primeiro plano são as emoções humanas” revela o realizador. Um filme de qualidade que ainda atrairá a atenção de muita gente.

O Dia em que os Monstros Salvam a Terra

Encostada à parede, a humanidade vê-se forçada a recrutar monstros para fazer frente a uma invasão extra-terrestre.

Quando Susan Murphy (Reese Witherspoon – Walk the Line), uma rapariga da California é acidentalmente atingida por um meteorito cheio de gosma espacial no seu dia de casamento, algo de estranho acontece, transformando-a numa pessoa de 15 metros. Capturada pelo exército e fechada numa prisão de máxima segurança, Susan adopta o nome de Ginormica e junta-se a um grupo de monstros renegados, aprisionados pelo governo. Dr. Cockroach (Hugh Laurie – House), um brilhante cientista com cabeça de insecto; The Missing Link (Will Arnett – Horton Hears a Who), meio-peixe, meio-macaco; o gelatinoso e indestrutível B.O.B. (Seth Rogan – Knockep Up); e o gigantesco escavador Insectosaurus.

As coisas mudam de figura quando a terra é invadida por um robot alienígena, algo que leva o presidente (Stephen Colbert – Bewitched) a recrutar a ajuda destes monstros para combater o robot e salvar o mundo da destruição. A comandar este exército de estranhas criaturas está o General W.R. Monger (Kiefer Sutherland – 24).

Ainda a assinalar está a presença das vozes de Rainn Wilson – Juno –, o megalómano Gallaxhar, responsável pela invasão; e de Paul Rudd – The Shape of Things –, o egoísta noivo de Susan, que espera deixar o seu lugar de homem da metereologia e ser pivô.

Rob Letterman, realizador de A Shark’s Tale, junta esforços com Conrad Vernon Shrek 2 para realizarem juntos o primeiro filme 3D da DreamWorks, que tenta agora repetir o estrondoso sucesso de Kung-Fu Panda.

Ambos os realizadores confessam ser grandes fãs dos filmes de monstros “Série B” dos anos 50 e revelam que esse foi o género que mais os influenciou no design quer dos personagens quer dos posters.

Com efeito, a animação está com uma qualidade muito boa, a premissa tem o seu quê de novo e, a comédia é garantida, pelo que será um filme que fará as delícias de miúdos e graúdos, passe o cliché. De pipocas na mão e óculos 3D na cara, um filme para toda a família ver.

Do Jogo para o Fracasso

Depois de uma adaptação ao cinema falhada em 1994, Street Fighter recebe uma nova versão sem grandes perspectivas de qualidade.

Street Fighter é uma das séries de videojogos de luta mais famosas e bem sucedidas de sempre. Como qualquer propriedade intelectual que se preze, ter sucesso é equivalente a despertar o interesse de Hollywood em fazer uma adaptação própria. Não é preciso enumerar mais do que Resident Evil, Alone in the Dark ou House of the Dead para se perceber que as adaptações de videojogos figuram entre o medíocre e o péssimo.

Quem se lembra da última versão cinematográfica que Hollywood fez de Street Fighter lembrar-se-á certamente dum filme deplorável em que Jean-Claude Van Damme era o protagonista. Quando A Lenda de Chun-Li foi anunciado, as esperanças aumentaram, mas por pouco tempo. Para começar, o filme resolveu descartar os personagens principais dos jogos, incidindo-se na personagem de Chun-Li (como o nome indica). Depois disso, o filme optou por uma abordagem infantil, auto-denominando-se de uma luta entre bem e mal, escuridão e trevas.

Chun-Li (Kristin Kreuk) é uma lutadora de rua que luta para proteger os mais fracos e para encontrar o seu pai, raptado pelo vilão do filme, Bison (Neal McDonogh) e pelo seu capanga Balrog (Michael Clarke Duncan). Também ao serviço de Bison estão Vega (Tabbo, dos Black Eyed Peas) e Cantana (Josie Ho). Pelo caminho, Chun-Li é ajudada pelo seu mestre, Gen (Robin Shou), pelo polícia Charlie Nash (Chris Klein) e a sua parceira Maya Snee (Moon Bloodgood).

O realizador Andrzej Bartkowiak, que adaptou (mal) ao cinema o videojogo Doom, volta a tentar manter algum do espírito do jogo original, através da acção, neste caso, os ataques especiais muito característicos da série da Capcom.

As lutas são o grande atractivo do filme, contando com o coreógrafo Dion Lam, de Spider-Man 2 e da trilogia Matrix. Os actores aguentaram um duro regime de treinos de artes-marciais e aprenderam a lidar com arames, mas as lutas deverão satisfazer qualquer pessoa que vá ao cinema ao domingo à tarde e deixe o cérebro em casa.

Em conclusão, resta recomendar a Hollywood que veja a adaptação em Anime (desenhos animados japoneses) de Street Fighter II. Não há melhor adaptação de um videojogo!

terça-feira, 31 de março de 2009

Séculos de guerra... começam!

O terceiro filme do franchise de Underworld conta o início da longa guerra entre vampiros e lobisomens

Em Underworld e Underworld: Evolução assistimos ao culminar da guerra eterna entre duas das mais famosas raças de seres sobrenaturais do mundo da ficção. Underworld: A Revolta conta-nos como tudo começou, séculos antes de Selene (Kate Beckinsale – The Aviator, Van Helsing) resolver o conflito.

A grande surpresa desta prequela é a sua autenticidade: a história liga extremamente bem com o que foi contado nos filmes anteriores, relatando como as duas linhas descendentes do primeiro imortal, Alexander Corvinus, os aristocráticos vampiros e os selvagens lobisomens, lutam pela supremacia e pela sobrevivência. Nesta era, uma fêmea de lobisomem cativa dos vampiros dá à luz um filho aparentemente humano, Lucius (Michael Sheen – Frost/Nixon, The Queen). Viktor (Bill Nighty – Love Actually, Pirates of the Caribbean), o governante actual dos vampiros escraviza a nova raça nascida da prole de Lucius, os Lycans. Usando a sua forma humana para trabalho escravo e controlando a sua possibilidade de transformação com coleiras de prata, Viktor domina com uma mão de ferro.

Quando Sonja (Rhona Mitra – Shooter, The Number 23), a filha de Viktor, se apaixona por Lucius, forçado a ser ferreiro no castelo, as coisas dão para o torto. Quando Lucius arranja maneira de se libertar juntamente com outros prisioneiros, a guerra estala, com Sonja refém de Viktor.

Len Wiseman, realizador e escritor dos filmes anteriores – assim como de Die Hard 4.0 – volta a escrever o guião, mas deixa agora a realização propriamente dita a cargo de Patrick Tatopoulos, o desenhador das criaturas da trilogia. A continuidade com os anteriores está assegurada, pois o filme mantém o estilo das produções anteriores, recorrendo aos habituais efeitos especiais que só o grafismo de computador pode criar.

A ideia original sempre foi fazer uma história do género de Romeu e Julieta, o facto de finalmente esta se completar, fornecendo ao espectador todas as razões para a rivalidade dos primeiros filmes, é para os criadores uma grande alegria. Tatopoulos explica que este filme se foca muito mais nos lobisomens, oferecendo toda uma nova perspectiva.

A não perder para fãs do género.

Cupido Canino

Marley é um cão, Marley é fofo, Marley é querido, Marley consome almofadas, Marley destrói casas, Marley é a estrela da mais recente comédia romântica com Owen Wilson e Jennifer Aniston.

Do realizador de O Diabo Veste Prada surge Marley e Eu, um filme protagonizado por um cãozinho Labrador muito querido chamado Marley. Owen Wilson e Jennifer Anniston interpretam um casal recém-casado, John e Jenny Grogan, que decidem mudar-se para a Florida, onde começam uma vida nova como jornalistas. No entanto, o verdadeiro atractivo para quem vai ver este filme é Marley, que envelhece 13 anos durante o filme e é interpretado por 22 cães diferentes.

John e Jenny decidem simular a constituição de uma família adoptando Marley, mas este rapidamente transforma as suas vidas uma montanha-russa de sarilhos e diabruras, ao estilo que o espectador já viu em qualquer outro filme do género anteriormente. A grande diferença de Marley e Eu reside na evolução da família ao longo do tempo. Marley acompanha a família Grogan desde o principio, quando o adoptam, olhando com os seus olhos como os personagens de Owen e Jennifer evoluem, lidando com os seus dramas pessoais, com os altos e baixos da vida de casal, mudando de casa e empregos e acima de tudo, construindo uma família. John e Jenny eventualmente percebem que “o pior cão do mundo” liberta o melhor que há neles.

John Grogan também é o nome do escritor do livro em que se baseia o filme, ele descreve-o dizendo: “Nunca pensei nele como um livro sobre um cão. Sempre o vi como uma história sobre o crescimento de uma família, sendo o cão um catalisador. É uma comédia com um lado mordaz”. Grogan revela: “Pessoas de todo o mundo escreveram-me falando de como o livro era como as suas vidas. Foi acidental, mas a verdade é que muita gente se apaixona e constrói família durante a sua vida, daí identificarem-se.”

O realizador falar de como Marley é importante: “Os cães são maravilhosos porque não pensam no passado ou no futuro; só conhecem a alegria de viver no presente. E infelizmente, os humanos esquecem-se muito disso.”

Não é preciso dizer muito mais, o filme classifica-se de enternecedor, e é sem dúvida a melhor proposta da semana para ver em família. Não surpreenderá ninguém, mas também não é um daqueles filmes sem o mínimo de cérebro.