quarta-feira, 18 de março de 2009

Um Vigilante Regressado dos Mortos

The Spirit é mais um herói que transita da BD para o grande ecrã, num filme em que Frank Miller tenta imitar o estilo de Sin City.

Não há muitas dúvidas sobre o destino de The Spirit; ao invés de pegar num herói da BD e o adaptar ao cinema, tornando-o mais realista, e assim, mais acessível a um público vasto, Frank Miller – criador de Sin City e 300 e co-realizador da adaptação ao cinema de Sin City, juntamente com Robert Rodriguez e Quentin Tarantino – decidiu manter tudo aquilo que faz o grande público desprezar este género literário.

Com uma acção exagerada e um enredo inverosímil, a excelente realização e o inegável carisma de The Spirit estão destinados a um estatuto obscuro de filme de culto, contrastando com a grande aceitação que teve o recente The Dark Knight. Infelizmente, um filme com personagens bidimensionais que parece – e é – totalmente retirado de uma BD dos anos 40 não tem a aceitação e a compreensão do grande público, que rapidamente o vai a rotular de fracasso. Assim, muitos não poderão ver como Miller continuou e desenvolveu à sua maneira o género do “novo noir”, e como adaptou fielmente os originais de Will Eisner ao cinema, mantendo o grafismo dos comics originais, num mundo de cores esbatidas, e por vezes, preto e branco, destacando a gravata vermelha do protagonista.

Gabriel Macht (The Good Shepherd) encarna o papel de um polícia que morre e renasce como um vigilante mascarado que luta contra o crime, Spirit. Determinado a manter a ordem na sua cidade, Spirit embarca numa luta com o maior vilão do sítio, The Octopus, interpretado por Samuel L. Jackson (Pulp Fiction). Pelo meio, o protagonista lida com três belas mulheres, Saran Paulson (Serenity), que interpreta uma cirurgiã filha do comissário da policia, a maior aliada do herói; Scarlett Johansson (Lost in Translation), que dá vida à cúmplice de The Octopus e Eva Mendes (Hitch), aqui transformada numa perigosa e sedutora ladra, cujo alvo são homens ricos.

Miller e Eisner, amigos de longa data, sempre debateram entre eles a arte dos comic books, quando Eisner morreu em 2005, Miller decidiu que apesar do medo de falhar, não podia deixar outra pessoa tocar no trabalho do amigo.

Um filme destinado a um público muito segmentado, mas que merece uma oportunidade, desde que não seja posto lado a lado com Watchmen ou The Dark Knight.

*publicado na Focus 492

1 comentário:

  1. No traila parece ser bastante exagerado, ao estilo de único de BD e também de Power Rangers (XD mas desperta-me a curiosidade na mesma

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